terça-feira, 20 de novembro de 2012

exortação

O Filho do homem já veio e já se apresentou a cada um de nós 


É curioso o modo de como Deus tem cuidado de nós neste ano...

Aos poucos fomos apropriando-nos do que é típico de uma comunidade cristã. Conhecendo os companheiros nós melhor os amávamos e servíamos. Criamos uma identidade que passa por cada um e também pelo grupo. Nos demos a conhecer uns aos outros. Mudamos, para melhor!

Nosso sentimento de pertença, ainda que seja um compromisso moral, é grande. Fazemos e fizemos parte de um corpo. Corpo cristão, corpo da Igreja, corpo apostólico da Companhia. Rezamos e bendizemos a Deus junto de tantos que nos precederam neste corpo. Vivemos com jesuítas. Colaboramos na missão. Também somos missão. E Deus já nos precedeu nisto.

Ora, para sermos instrumentos do Amor, instrumentos de amor, precisamos ser livres para o que o Pai nos quer revelar. E a certeza de possuirmos e encontramos tal liberdade é a certeza de que já estamos salvos. Salvos porque salvação é a Trindade agindo em nossa história assumida e redimida – com corpo: meu corpo. Sim, Ele já nos visitou.

Só podemos dar-nos conta de que Ele agiu porque olhamos o que nos foi comunicado. Percebemos o fio condutor que ele preparou a cada um de nós. Caminhos diferentes, mas que nos levam ao mesmo destino: ser obediente a sua vontade. Sim, o verão já está perto. As folhas já brotaram, nossos ramos estão tenros. Sinais de que ele está por aqui, de que Ele continua aqui.

Concluo a exortação partilhando um sentimento que tem sido recorrente em minha oração da 4ª semana: as coisas simples me dão prazer, me falam, e, mais ainda, me escutam de Deus. Manoel de Barros, a quem vocês tanto me escutam falar diz, no Retrato do Artista quando Coisa que:

A gente se negava a corromper-se aos bons costumes
a gente examinava a racha dura das lagartixas
só para brincar de ciência.
A gente grosava a peça dos morcegos com o
lado cego das facas
só para vê-los chiar com mais entusiasmo.
Fazíamos meninagem com as priminhas à
sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais
só de homenagem ao nosso Casimiro de Abreu.
Não era mister de ser versado em Kant pra se
saber que os passarinhos da mesma plumagem
voam juntos.
Nem era preciso ser versado em Darwin pra se
saber que os carrapichos não pregam no vento.
Que, apois:
Sábio não é o homem que inventou a primeira
bomba atômica.
Sábio é o menino que inventou a primeira
lagartixa. 


A melhor vigilância que podemos ter é o olhar simples e fito no Senhor. Sim, não é o muito saber que sacia e satisfaz, mas o sentir e saborear internamente as coisas.

33º. Domingo do Tempo Comum

Paulo Henrique Carboni

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