segunda-feira, 14 de maio de 2012

O jesuíta que descobriu o Nilo

Richard Francis Burton e John Hanning Speke, em particular, entraram para a história como os descobridores, em 1858, das fontes do Nilo, que eles situaram no Lago Vitória. Mas, na realidade, foi um jesuíta espanhol, de Madri, Pedro Páez, que havia descoberto, dois séculos antes, a principal fonte de um dos maiores rios do mundo, aquele que, na Fonte dos Quatro Rios, na Piazza Navona, se cobre o rosto.

A nota é de Marco Tosatti, publicada no blog San Pietro e Dintorni, 11-05-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto:

A "reivindicação" foi feita por um escritor espanhol, Fernando Paz, em seu livro Antes que Nadie. Paz dedica um capítulo ao heroísmo do jesuíta madrilenho, que antecipou em dois séculos a revelação de um dos maiores mitos da história. Burton e Speke realmente descobriram a origem do Nilo Branco, no ponto mais distante da foz, no Lago Vitória. Mas, em um rio, o que importa é o fluxo hídrico, e, nesse caso, é o Nilo Azul que carrega 80% das águas e que transporta as do Nilo Branco até Omdurman.

E foram justamente essas águas que o Pe. Páez encontrou.

O jesuíta nasceu em 1654, em Olmeda de la Cebolla. Estudou em Coimbra, tornou-se sacerdote em Goa e começou uma viagem para chegar à costa da Somália. Uma odisseia que o levou a todos os tipos de aventuras: malária, piratas, captura pelos turcos, torturas e prisão, e, finalmente, venda como escravo para um sultão do Iêmen.

E, depois de atravessar o deserto a pés descalços, comendo gafanhotos, Páez percorreu e descreveu zonas como o deserto de Habramaut e de Rub-al-Khali, de cuja descoberta outros europeus levaram o mérito dois séculos depois.

Em 1603, ele decidiu partir para evangelizar a Etiópia, fazendo-se chamar de Abdullah e partiu em marcha. Permaneceu na Abissínia durante 20 anos e, um dia, acompanhando o rei em um passeio a cavalo, descobriu as fontes do Nilo. Era o dia 21 de abril de 1618.

"Eu confesso que me alegrei ao ver o que antigamente o rei Ciro e o seu filho Cambises, o grande Alexandre e o famoso Júlio César tanto desejaram ver", escreveu ele em sua História da Etiópia, em 1620, em que aborda a sua descoberta com desapego. Interessavam-lhe mais os batismos.


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