exortação

Em cada celebração eucarística, não desvinculada, mas justamente inserida pedimos: “Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”. Diante dessa petição “Vinde, Senhor Jesus” podemos entender o evangelho deste primeiro domingo do advento. Entretanto, surge-nos uma questão: por que se coloca um texto apocalíptico no tempo litúrgico do advento? Ora, Advento, ad venire, significa “para vir”, isto é, “Aquele que está para vir”! Já Apocalipse, em grego e como nos diz a própria Sagrada Escritura, é revelação. Com isso, nada mais justo revelar Aquele que vem! Eis a proposta deste tempo que iniciamos. Revelar o mistério de Deus. Deus dá-se a conhecer.

Assim sendo, no aqui e no agora, no hoje da nossa história podemos compreender afetivamente aquilo que tantas pessoas assim o fizeram anteriormente a nós e, por isso, nos tornamos contemporâneos a eles. Alguns, chamados apóstolos, entenderam progressivamente a revelação de Deus na pessoa de Jesus. Participaram de sua vida, fizeram a experiência dolorosa da paixão e morte, experimentaram a alegria interna no mais íntimo do ressuscitado. Dessa forma, os antigos padres chamaram esta como a primeira vinda.

Depois, pelas próprias palavras de Jesus “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”, eles aguardaram, assim como nós hoje, aguardamos a segunda vinda de Jesus Cristo, no qual Ele será tudo em todos. Todavia, existe uma vinda intermediaria, o que os antigos padres chamaram de adventus medius, e esta é a que nos toca. Vivemos neste tempo, nessa vinda intermediaria. Pela própria revelação de Deus naquilo que celebraremos no mistério do nascimento abre-nos desde já as portas da fé para a experiência de comunhão dos homens com Deus. 

Ora, temos tantos exemplos de pessoas que fizeram e fazem esta experiência de compreender com os olhos da fé a ação e presença de Jesus Cristo nos nossos dias, isto é, a libertação ou salvação do Filho do Homem. Pela própria experiência espiritual dos cristãos, ou seja, pela ação do Espírito Santo, Deus-em-nós somos capazes de Deus. Assim, o Senhor tem preparado a sua segunda vinda por tanto meios (por sua palavra, pelos sacramentos, entra nas nossas vidas por acontecimentos ou palavras) e por meio de tantas pessoas: Teresa de Ávila, Inácio de Loyola, Francisco, João da Cruz e tantos outros amigos os quais conhecemos e são próximos a nós.

Logo, este é o advento de Jesus, que com seu modo suave vem até nós, suscitando atos de liberdade, amor e esperança pela fé mesmo diante de tantos sinais contrários. Portanto, celebrar o advento é viver aberto à Novidade que é Jesus, guiados pelo seu Espirito, isto é, sinais que atestam em nós Ele mesmo, sua presença, seu reinado de amor entre nós.

Vitor Biral Bazucco