segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Jovens e as causas maiores

O Rio de Janeiro hospedou a Cúpola dos Povos. Momento de entusiasmo da Sociedade Civil em face de Governos apáticos diante da causa maior da ecologia. Por isso, aposta-se hoje na geração jovem para agitar a bandeira do cuidado com a Terra.

Em face da pós-modernidade fluida, fragmentada, acomodada, que grande bandeira desperta e alimenta a juventude?

O jovem vive o momento maravilhoso do idealismo, do entusiasmo pelas magnas causas. Representa o vigor da sociedade. Febre do organismo social, mostra-lhe os sinais de enfermidade. Força pujante impele o corpo social para frente. Arranca-o da acomodação calculista do adulto e da inocência alheada da infância.

A sociedade americana na década de 60 lançara-se na triste aventura da guerra do Vietnam. A indústria bélica enriquecia-se fartamente. Bilhões de dólares rolavam para dentro dos bolsos dos magnatas da guerra. Os próprios operários, que ganhavam salários na fabricação de armas, não queriam estancar a fonte de dinheiro.

Mas o sangue que corria nos campos de batalha, as vidas que se ceifavam, os cadáveres que voltavam nos aviões fretados para os cemitérios dos EE. UU. retratavam a juventude interrompida. De repente, os jovens acordam para tal monstruosidade. Gritam gigantesco não a tamanho absurdo. Atravessa o país febre juvenil. Milhares e milhares de jovens iniciam passeatas, protestos, manifestações, desobediência civil para acabar com a guerra. Tal mobilização da juventude dobrou a força poderosa do lobby das armas. Veio o término da guerra. Eles pararam os aviões, os tanques, não com outras armas, mas com a coragem, energia, mobilização, entusiasmo. Havia uma causa. E nela apostaram.

Os jovens se acomodam quando lhes faltam uma utopia, uma causa, um objetivo que os mobilizem. No momento, os grandes shows musicais conseguem movê-los. As disputas esportivas, as academias, não da inteligência, mas do corpo, ocupam-lhes o tempo. No entanto, a Cúpola dos Povos mostrou sinais de que nasce nova esperança para os próximos anos. A crise de credibilidade, de ética, de futuro por que passa o Brasil está a acordar a juventude para vigorosa arrancada de esperança e de construção de nova sociedade, sobretudo na linha do cuidado da Terra.

Ontem eles se bateram contra o Regime Militar, e muitos morreram. Hoje sonham ainda mais longe e alto. Não param na simples política partidária nem apostam em organizações clandestinas. Jogam todas as fichas no futuro da humanidade que se vincula com a sustentabilidade do Planeta. A Terra se exaure com a exploração do sistema capitalista neoliberal, que se centra no lucro insaciável. Luta insana contra o binômio infernal de sempre mais produção para consumo maior. Erguem-se montanhas de desperdício. A culpa não cai sobre as fábricas, nem sobre os operários, nem sobre a tecnologia. Tudo se faz necessário. Mas na cultura hedonista e consumista que só se derrota com a cultura da sobriedade e do cuidado. Eis a causa maior para a juventude de hoje e de amanhã!

João Batista Libanio, SJ

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