sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

De Nazaré pode sair alguma coisa boa?


"Venha e verás!" (Jo 1,39) 

   
Ainda com o X Encontro Nacional da PJ vibrando em nós e na caminhada da Igreja Jovem do Brasil, Pastoral da Juventude, recebemos neste ano um convite não menos desafiador e provador. O convite, agora, é viver Nazaré. Quanta coisa bonita vivemos e refletimos na mística de Belém. Olhar para a Palavra de Deus e fazer ecoar em nossas vidas é sinal de que é possível continuar a história do Povo de Deus e a (re) criação do mundo através da nossa participação ativa. Nessa perspectiva de revitalizar os caminhos da Pastoral da Juventude da América Latina é que somos impelidos/as a olhar os passos de Jesus e, assim, animar nosso caminho pastoral rumo a Civilização do Amor. Nesse caminho, Nazaré se faz essência, se faz aprendizado, se faz família, se faz trabalho, se faz preparação para a missão... Assim, Nazaré é fundamental naquilo que de verdade deu sentido para a vida de Jesus e, quiçá, possamos refletir e viver esse espaço no nosso dia-a-dia. 

Nazaré é parte da essência de Jesus. Não há como segui-lo e entende-lo se não assumimos e vivemos com Jesus o que Ele viveu em Nazaré, nos anos da vida oculta. Há muitas fontes evangélicas que nos remetem à importância de Nazaré no caminho, na vida e nas opções de Jesus reforçando sempre Jesus como Nazareno: “Aconteceu, naqueles dias, que Jesus veio de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no rio Jordão” (Mc 1, 9); “A isso as multidões respondiam: Este é o profeta Jesus, o de Nazaré da Galiléia” (Mt 21, 11); “Jesus, o filho de José, de Nazaré” (Jo 1,45) e outras tantas citações que chamam Jesus de “o nazareno”. 

José Pagola, na obra Jesus – aproximação história, nos ajuda a desvelar esse povoado com muita clareza. Nazaré é pequena. Segundo fontes, deveria ter entre 200 e 400 habitantes. A maioria das casas eram baixas, de chão batido, com telhados de ramos ou argila, em geral só com um cômodo na qual se alojava e dormia toda a família. Esse foi o ambiente do dia-a-dia de Jesus. De Nazaré quase não se fala na Bíblia. No decorrer do ano vamos aprofundar alguns aspectos dessa vida, desse cotidiano. 

De Nazaré saiu Jesus, o verbo encarnado. Através de Maria e José, dos vizinhos, dos amigos, da relação próxima e fiel com o “Pai”, Jesus foi projetando a vida e a missão que tinha. Frei Carlos Mesters ajuda a refletir sobre o cotidiano do nazareno fazendo perguntas que mechem com a gente: às vezes, da vontade de sair perguntando às pessoas que conheceram Jesus: “contem para nós alguma coisa da vida dele. O que vocês lembram?” Se pudéssemos perguntar a Maria: “dona Maria, conte para nós como foi a vida de seu filho lá em Nazaré?” Ou ao povo de Nazaré: “Como foi a vida de Jesus naqueles anos?” O que nos diriam os meninos que brincavam com Jesus? E os rapazes que estavam sempre com Jesus? E as moças que, quem sabe, gostariam de casar com ele? Muitas perguntas... perguntas de quem viveu uma vida típica do povoado nazareu. 

No nosso horizonte de Nazaré está a vida da juventude que é construída no cotidiano. A Pastoral da Juventude tem opção pelos pequenos grupos, naqueles em que a partilha de vida e a construção conjunta acontece de maneira mais fiel para que a vida de cada jovem seja sujeita. Isso é Nazaré. É emancipação. É preparação. É partilha. E, sim, muita coisa boa vem/está na juventude. 

Sobre Nazaré queremos nos aventurar neste ano. Sobre os trinta anos de vida oculta de Jesus queremos debruçar-nos nesse caminho de fidelidade ao projeto do Pai. Por isso convidamos cada um/a vir e ver se de Nazaré pode sair alguma coisa boa. Que Nazaré guie nossos passos na ação com os/as jovens em nosso continente para sermos sempre mais fieis ao sonho de Deus para a humanidade. 

Com as sandálias nos pés iniciamos essa jornada. 
Rumo aos muitos encontros! 


Abraços Fraternos,

Pe. Maicon André Malacarne – Assessor da PJ da Diocese de Erechim
Luis Duarte Vieira – Militante da PJ e Vocacionado Jesuíta
Gabriel Jaste – Membro da Coordenação Nacional da PJ pelo Regional Leste 1

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